SALÃO DOS PAISAGISTAS INGLESES DO MUSEU UNIVERSAL por Denison Souza do Rosario
CONSTABLE E WILLIAM-TURNER
Quase ignorando a revolução industrial que pretejava as cidades inglesas, artistas como Constable e William Turner, dois dos mestres que agora encabeçam uma megaexposição da escola paisagística do Reino Unido na Pinacoteca do Estado de São Paulo, foram buscar na representação da natureza, em toda a sua graça e fúria, um mundo de beleza alternativa.
Enquanto Londres e as cidades dos arredores se tornavam pesadelos urbanos, a pintura desses artistas inaugurou um movimento que entrou para a história como sublime – não o sublime em sentido estético puro, de beleza idealizada, mas aquilo que arrebata por sua violência iminente.
Não à toa, Turner se consagrou com imagens de barquinhos à deriva em mares apocalípticos e Constable não fez menos pintando céus de chumbo, com nuvens espessas asfixiando a luz solar sem deixar rastros de esperança.
Todo esse sofrimento aparece nas mais de cem obras da Tate Britain, de Londres, agora em São Paulo. Mas nem tudo ali é sublime, dentro da ala mais raivosa dessa vanguarda.
ANSIEDADES AMOROSAS
Ou seja, havia calma antes da tempestade. Em sentido cronológico, a mostra começa, aliás, com as cenas pastorais que marcaram a pintura britânica do século 18.
Nas palavras de Richard Humphreys, curador da Tate Britain que organiza a exposição, essas telas seriam a nada sexy "transposição para a pintura das ansiedades amorosas de um pastor".
Também segundo ele, é claro que isso evoluiu para obras que se firmaram como metáforas de um mundo em pânico com as mudanças e em busca de certa redenção.
Nesse sentido, Thomas Gainsborough, maior mestre britânico do século 18, tem na mostra o retrato de um simpático reverendo tocando violoncelo no meio de um jardim, ruínas romanas ao fundo. Do mesmo autor, outro quadro mostra um garoto levando vacas para saciar sua sede num lago de águas cristalinas mesmo num dia de tempo feio.
Em paralelo aos sonhos pastorais, artistas da mesma época também esquadrinhavam as paisagens britânicas em busca de representações mais realistas do ambiente, um movimento que servia à criação de mapas em última instância, mas estava ao mesmo tempo imbuído de um sentido de grandiosidade, refletindo a imagem do país como uma potência imperial.





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